sexta-feira, agosto 26, 2005


Em princípio parece meio idiotice dizer isso, mas eu vou dizer assim mesmo, na verdade é mais um pergunta: existe algo melhor do que fazer cocô? Imagine você andando na rua na maior agonia carregando o peso do mundo em suas costas até que chega em casa e, literalmente, afoga as mágoas sentado em seu trono. Existe coisa melhor? Não deve ter sido à toa que Freud descreveu a Fase Anal como uma importante etapa do desenvolvimento psico-sexual da criança.

A sensação de liberdade é plena depois de alguns minutos (ou horas) ali sozinho, apenas com os seus pensamentos deixando aquilo que o aflige simplesmente sair do seu corpo. Algumas pessoas fazem deste momento mais proveitoso, mais cultural, mais musical, dando uma lida ou fazendo o que chamo de "air drums", ou seja, tocando bateria no ar. A leitura de banheiro sempre leva a reflexões mais profundas uma vez que já estamos inseridos em um ambiente propício. Decisões podem ser tomadas em um momento de fecal reflexão. E você ainda pode acompanhar a sua música favorita enquanto reflete...

Outro dia, eis que estou em minha reflexão matinal antes de ir para o meu estressante trampo, o telefone toca. A distância que separa os meus pensamentos da maldita invenção de Grahan Bell só não é maior que as muralhas da China. Então imagino que para chegar até ela preciso, primeiramente, levantar do meu trono, me limpar, abrir a porta, cruzar o corredor que separa o banheiro do escritório e atender a chamada. E tudo isso antes que o infeliz do outro lado da linha ache que não tem ninguém em casa e simplesmente desista de suas pretensões. E foi exatamente o que me aconteceu: a ligação caiu na secretária e o desgraçado ficou calado e desligou. Se é para não falar nada, então por que liga? Freud deve ter alguma explicação plausível para isso, eu espero. É por isso que eu gosto de fazer o meu cocozinho em paz no silêncio da madrugada. Pelo menos assim é menos provável que alguém vá bater a sua porta ou te ligar para bater um papo cabeça às altas horas da noite. Isso é bem pouco provável.

Banheiro: um dos lugares mais legais do mundo. Pra que ir para o Tibet refletir pra tentar encontrar o sentido da vida, se temos o nosso próprio bem ali nos esperando a alguns passos de distância? E o que é melhor: bem quentinho, já que o Tibet deve ser frio pra caralho*.

*Pra caralho: usei a expressão pra dar mais ênfase na demonstração de algo que tende ao infinito.

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