segunda-feira, março 13, 2006

A morte faz parte da vida

Esses dias quando cheguei em casa depois do meu deveras estressante trampo, estava o povo todo reunido em torno de um assunto: "O Roberto morreu". O tal Roberto em questão é um antigo amigo da família que teve uma parada cardíaca. Acho que até cheguei a trocar uma idéia com ele, mas como esse povo só fala de petróleo, saí de perto e fui conversar sobre alguma outra coisa com o meu irmão...


O interessante foi o impacto que a morte do Roberto causou nos meus sobrinhos. Este foi o primeiro contato que eles tiveram com um assunto tão delicado. Eles ficavam repetindo os nomes de várias pessoas: "fulano morreu! ciclano morreu"... até q um deles falou: "papai morreu!". O engraçado é que, logo depois ele se deu conta que tinha falado uma besteira e ficou calado. Parecia que tinha caído em si e refletido acerca de como seria viver sem o pai. Fiquei pensando nisso o resto da noite. Então lembrei do meu primeiro contato com a morte de um ente querido.

Lembro como se fosse ontem. O meu pai não era dos mais chegados com o meu avô, mas o respeitava como a ninguém mais nesse mundo. Quando era garoto, eu e meu pai assistíamos ao MacGyver todo domingo de manhã e ficávamos preparando o peixe pro almoço. Naquele domingo o meu pai parecia estar no piloto automático de tão aéreo que estava. Fui perguntar pra minha mãe o que o meu pai tinha. Ela disse que o meu avô havia falecido. Na hora, não entendi o que ela havia falado porque não sabia o que significava a palavra "falecido". O problema é que, como o meu avô morava em outra cidade, não daria tempo de chegar antes do enterro e, por causa disso o meu pai estava andando com o que sobrou dele depois do baque. Naquela época, só percebi que o meu pai estava muito triste, mas não associei aquela tristeza à morte do meu avô. Alguns anos depois, meu tio-avô também faleceu. Aí, sim, fui ver que o impacto da perda de um ente querido é catastrófico. A minha avó (mãe da minha mãe) quase morreu junto. Eu só conseguia me fazer uma pergunta: será que ele foi pro céu?

O mais estranho foi que na noite depois da morte do Roberto, eu sonhei que uma colega minha da faculdade se suicidava. De acordo com a "Divina Comédia", que se mata não vai nem pro céu nem pro inferno - mas isso é assunto pra um outro post.

Depois de ter visto tanta gente morrer, sendo parente ou não, a única atitude que se pode ter diante a morte é respeito, e só.

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