segunda-feira, agosto 11, 2008

Sétimo Andar(?)

Outro dia, no trabalho, tava conversando com uns colegas sobre as histórias por trás da composição de algumas músicas do Los Hermanos. Até escrevi aqui sobre a música "sétimo andar", que antes de ter esse nome se chamaria "a mãe do mendigo". Mas, alheio a o que ela é de fato, tenho a minha própria interpretação dessa letra.

Sempre achei que essa música era sobre um jovem casal apaixonado que morava em Copacabana. A mulher gostava de sair pra caminhar no calçadão todos os dias e o marido sempre a via chegar da sacada antes dele ir pro trabalho. Mas por alguma intermitência da vida, a mulher sofreu um grande trauma e acabou enlouquecendo, deixando o marido sem outra alternativa que não fosse largar tudo pra cuidar de sua esposa.

Em sua dedicação sem fim, o marido tentou todo tipo de tratamento sem obter sucesso e depois de várias crises que se tornaram cada vez mais frequentes, não tendo outra alternativa, ele começou a apelar para medidas mais drásticas até chegar ao ponto de interná-la em um sanatório. Mas depois de um processo extremamente doloroso pra ambos, ela conseguiu fugir.

Ele, arrependido de tê-la colocado naquele lugar, começou a procurá-la até a exaustão. Mas nunca a encontrou. Sua procura já durava tanto tempo que suas lembranças já eram remotas e, por isso, ele vivia se perguntando se a reconheceria quando a visse de novo e se ela o perdoaria por tê-la colocado no tratamento de choque.

Em vários trechos, essa interpretação parece bastante plausível, mas sempre penso nesse tipo de coisa como o que aconteceu quando um jornal interpretou um trabalho do Machado de Assis. Ele disse secamente: "não quis dizer nada daquilo". Em contrapartida, penso que assim como a beleza está nos olhos de quem vê, a obra é bem como quem a interpreta.


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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Dizem que depois de publicarmos qualquer coisa, aquilo deixa de nos pertencer, e não cabe mais ao seu criador direcionar qualquer interpretação.
A obra cria pernas e asas e segue livre!

Té Pazzarotto

4:29 PM  

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