A Cegueira Branca

Anos depois, me deparei numa Saraiva dessas da vida com a obra completa do Saramago numa prateleira. Tive que comprar o tal "ensaio". Porém, não o li logo. Ainda levei uns bons meses pra começar porque já estava familiarizado com o autor, a sua obra e seu poder devastador na cabeça de quem não está preparado pra ler um livro extremamente denso, de frases longas, um esquema de pontuação complexo e, como diria um amigo meu, com um plus a mais: português de Portugal - por causa disso você acaba lendo o dicionário junto. Levei uns meses nessa leitura, mas valeu a pena apesar de tê-la interrompido em dois momentos pra refletir sobre valores éticos, códigos de postura em situações limite, a fragilidade do caráter humano e a grande ironia por trás disso tudo. Acho que é exatamente aí que repousa toda a densidade do livro: na reflexão que ele gera além do contexto da estória.
Aí veio a ótima adaptação de Fernando Meireles, Blindness, que me fez resgatar toda a emoção passada pelo livro. Um dos melhores filmes que vi este ano e um dos melhores da minha vida. Assim como o Saramago, também fiquei feliz por ter visto o filme assim como estava quando terminei de ler o livro. Voltei pra casa tão pensativo, que até vontade de ler o livro de novo. Quem sabe em um futuro próximo.
Marcadores: cinema, cotidiano, divagações, literatura
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