sexta-feira, junho 16, 2006

A Copa de Nossas Vidas

Não tive como não escrever sobre o tema em um tempo onde genialidade, desespero, alegria imensurável, orgulho, patriotismo, decepção, lágrimas, vitórias e derrotas se fundem e giram em torno de objeto: a bola - profundo isso, não? O mais engraçado é prestar atenção em como vamos mudando com o tempo e, nada melhor pra se ter como referência como as Copas do Mundo.

Lembro que a primeira Copa que cheguei a ter algum discernimento contextual foi a de 90. Lembro da minha família comemorando fervorozamente os gols do Brasil. Nessa época, uma tia minha foi passar as féria lá em casa e levou o marido e o meu primo, com pouco mais de 3 anos. A cada gol que o selecionado canarinho marcava, esse meu tio arremessava o meu priminho pro alto e o pegava logo em seguida sando uns gritos ensurdecedores. A sorte que o pé-direito da minha casa era alto, eu morria de medo do meu primo dar de coco no forro. Lembro também que a Argentina eliminou o Brasil nas oitavas-de-final com um fatídico gol marcado pelo Caniggia. Não tive muito o que pensar dessa copa porque, afinal de contas, eu só tinha 9 anos e uma criança dessa idade tem coisas muito mais importantes que essa pra se preocupar.

Diferente do que aconteceu na Copa de 94 - a Copa da Casa da minha Vó. A casa da nona era o ponto de encontro da família, era onde todo mundo se reunia pra conversar, encher a cara de cerveja e vinho, jogar uma bolinha na rua, comer feijoada e churrasco... e ainda assistir aos jogos. Essa seleção era o retrato falta de credibilidade e, depois do fiasco de 90, Romário aparecia como o (literal) Salvador da Pátria de chuteiras. Formando uma das melhores duplas de ataque de todos os tempos com Bebeto, ele levou o time ao tão sonhado "é tetra!!! é tetra!!! é tetra!!! é tetra!!!" depois de 24 anos amargando na fila. Lembro que depois que o Baggio mandou aquela bola pro Coliseu, o meu tio e o meu padrinho quase morreram do coração de tanta emoção. O meu tio, que tentou se controlar a Copa inteira por causa de um problema no coração, não agüentou a tranco e desmaiou. O meu padrinho quase foi no mesmo caminho. Tão emocionante quanto esse dia, só o espetáculo futebolístico protagonizador por Brasil e Holanda da Copa de 98.

Essa foi marcada por apenas um jogo que valeu por todos. Aquele Brasil e Holanda na semi-final da copa da França foi, de longe o melhor espetáculo de futebol que já ví na minha vida. Lembro que, por ter passado tempo demais no banco, não ia dar tempo de chegar a casa da minha vó pra ver o jogo. Então parei no shopping pra ver pelo telão até o final do primeiro tempo. A sorte foi que, por acaso, encontrei com uns amigos e fiquei por lá mesmo. dessa vez, quem levou o Brasil pra final foi o Taffarel - "sai que é sua Taffaréééél" -. Depois daquele jogo, só pensava em uma coisa: depois dessa vitória, o Penta é nosso. Ledo engano. Depois da turbulenta noite anterior ao jogo e a convulsão do Ronaldo, a suspeita da compra do caneco pela França e uma seleção onde uns poucos jogadores ainda lembravam o que era chutar uma bola, Zidane foi declarado o herói francês depois de seus dois gols na vitória arrasadora de 3 x 0 sobre o que restava do selecionado canarinho. E essa derrota foi justamente no dia do aniversário da minha irmã e, por isso, bebemos todos por ela.

Em 2002, junto com alguns infelizes que só conseguiram passagem pra um horário que cobria justamente jogo da final da Copa entre Brasil e Alemanha. Fui forçado a ficar imaginando o que estaria acontecendo em Yokohama enquanto ia pro Rio. A cada chamada do piloto era uma aflição sem tamanho, o desgraçado falava tão pausadamente que a vontade minha e do coroa que tava do meu lado era de ir até a cabine e esganar o cara. "Atenção senhores passageiros. É com muita satisfação que lhes informo que o Brasil é penta-campeão do mundo! Bebida por conta da casa!!!". O que mais me marcou nessa Copa foi ironicamente o jogo que eu não vi. Essa ficou meio apagada, quase não vi nada com aqueles jogos no meio da madrugada e tendo que trabalhar no dia seguinte, sem chance.

A Copa de 2006 já está sendo escrita. o melhor jogo que vi foi entre Argentinha e Costa do Marfim - jogasso!!! Foi legal ver aquela gentalha levando o raio pra vencer a grande seleção marfinence com direito à catimba e tudo mais que é típico do futebol deles. O primeiro jogo do Brasil foi uma merda mas, pelos reencontro com os amigos depois de alguns meses, pela cerveja, o churrasco e piadinhas do tipo: "Brasil Campeão da Copa da Alemanha tem trÊÊÊÊÊÊÊze LEtRAS!!!!, o RRRRRato RRRRRoeu a RRRRRoupa do RRRRRonaldinho!!!!!", valeu pelo que a seleção não mostrou em campo.

O que será que nos espera nessa Copa? Será que o escrete canarinho traz o caneco? Quem sabe...

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eu curto mais a festa, saca? Futebol não é comigo.

9:38 AM  

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