quinta-feira, outubro 27, 2005

Nada no Meu Apartamento
Por César Cardoso

Ontem cheguei do trabalho e vi que o meu apartamento estava cheio, completamente lotado, abarrotado de nada. Nada era tudo que havia naqueles metros quadrados. E agora? O que eu vou fazer com todo esse nada? Eu realmente não sei o que fazer com isso.

Acho que vou ter que pedir ajuda para a Bia. Ela sempre me ajuda em tudo, mas com todo esse nada no meu apartamento, será que ela vai poder me ajudar?

Talvez eu tenha que ligar para o Seu Pereira -- um cara mais ou menos que conheci quando vim morar neste prédio--, mas o que ele vai fazer se nada der certo?

Ja sei! Vou pedir ajuda para o meu pai porque ele e nada são a mesma coisa. Será que foi ele qua largou todo esse nada no meu apartamento e não me falou nada!? Velho desgraçado!!!

quinta-feira, outubro 20, 2005

Pobres animais.

Semana passada, acompanhando as manifestações pró e contra o desarmamento, vi algo que me deixou embasbacado. O pessoal do "SIM" estava fazendo sua manifestação de costume, defendendo a vida, coisa e tal... simplesmente jogando cruzes de isopor na Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos cartões postais do Rio de Janeiro. E os caras fizeram essa idiotice pra simbolizar as almas das pessoas mortas por armas de fogo(?) Será que esses malucos não percebem o que estão fazendo!?

E tem outra! Em sua coluna no jornal O Globo, a Cora Rónai (minha grande inspiradora a continuar nessa carreira de blogueiro fracassado) vem falando coisa pior. Os caras pegaram algumas pombas pra serem soltas durante as manifestações pra simbolizar a Paz. Até aí tudo bem, se não fosse pelo fato de as pobres pombas estarem presas em caixas apertadas, literalmente, morrendo de calor e machucando as asas. E quando soltas, mal conseguiram voar. Algumas foram socorridas na hora por algumas boas almas e outras foram vistas mortas e abandonadas na Lagoa no dia seguinte.

Como se não bastasse todo esse show de demagogia e hipocrisia que tenho visto aflorar por causa desse referendo, os pobres dos animais ainda têm que "pagar o pato" (com trocadilho, sim senhor) pela falta de raciocínio lógico desse povo. Existem outras formas de protesto bem mais inteligentes. Já que eles defendem a vida, porque então eles não plantam árvores? Ou então vão pra frente da casa de algum dos deputados da Bancada da Bala pedir pra eles terem um pouco de vergonha na cara e parar de legislar em causa própria.

Concordo com a Cora: "O que os bichos têm com isso?" Pobres animais.

Não deixe de visitar o blog da Cora Rónai: www.cronai.blogspot.com

quinta-feira, outubro 13, 2005

Um dia desses, uma amiga minha tava reclamando que não estava conseguindo escrever nada pra colocar no blog dela. Essa é pra ela.

O primeiro passo para se começar a escrever é sair escrevendo. Escrever sem pensar. Depois os pensamentos vão se organizando e você vê se o que escreveu vale a pena ou não. Essa técnica eu aprendo vendo o filme "Encontrando Forrester", no qual o personagem de Sean Conerry ensinava a um garoto da periferia de Nova York o ofício de escrever. É uma espécie de metalinguagem por assim dizer. Na cena em questão ele usava as exatas palavras que usei no início deste texto para mostrar como não é tão fácil de se começar a escrever um texto. Na verdade é até bem simples. Uma vez eu ouvi (ou li em algum lugar) um autor dizer que o texto nada mais é do que uma letra maiúscula no início e um ponto no final com um amontoado de letras pelo meio -- bem minimalista esse raciocínio.

Outra coisa que aprendi vendo esse filme foi que quando não se consegue começar um texto de jeito nenhum, pode-se começar com as palavras de outro autor - lógico! sem que isso venha a parecer plágio -, e a partir daí expor as suas idéias. Método que, aliás, estou usando neste texto. Essa técnica de sair escrevendo sem pensar e depois ir lapidando tenho usado há algum tempo. Tem dado muito certo e espero que continue me ajudando a escrever mais. Mesmo que sejam textos idiotas que levam do nada para lugar nenhum, como este. =-)

terça-feira, outubro 11, 2005

Brasil - Futebol Arte

Agora que o Brasil se classificou pra copa e que a pressão da classificação passou, temos que nos preocupar com outro problema: os juízes. Aliás, chamar o juíz de "filho da puta" nunca foi tão cabível. Não que a mãe deste tão distinto cidadão da nmossa sociedade seja digna de ofença, mas que ele merece ser chamado desse jeito, isso merece.

Parece até urucubaca, mas o futebol brasileiro sempre tem uma dor de cabeça pra se preocupar. Quando não é a seleção que vai mal, é um zilhonário das arábias que quer virar e dono do nosso futebol, ou algum dirigente envolvido em faucatruas nos clubes. Dessa vez o buraco é mais embaixo porque manipular resultados é muito mais sério - não pela manipulação em si, mas pelo que ela envolve. Imagine só você levando o seu filho, a sua namorada ou alguns amigos numa tarde de domingo pra ver o seu time dando show e ganhando uma partida até que alguém conspira contra este espetáculo. Que o time perca ou ganhe (não importa), mas que seja no campo.

O nosso querido Edílson Pereira de Carvalho (que já dá caras de ser o Bob Jefferson do nosso futebol), já jogou a merda no ventilador e disse que há outros árbitros membros da comissão de árbitros estão envolvidos no esquema. Ou seja, é só a ponta do iceberg. Mais merda ainda virá à tona nessa privada.

E agora como é que eu vou assistir os jogos do meu querido Clube do Remo no Mangueirão ou do Mengão no Maracanã (que ainda está em reforma) sem pensar que tem um filho da puta querendo que o meu time perca ou ganhe por baixo dos panos? Manipular resultados de jogos de futebol é, não só, desonesto em sua plenitude como desumano porque esta é uma das poucas coisas que o brasileiro ainda pode se orgulhar e bradar para o mundo todo que ainda é o melhor depois de tantos anos e tantas copas. O Brasil é o único país que participou de todas as copas, tem 5 títulos mundiais sendo que as outras seleções de tradição como Itáli e Argentina não têm nem 4 pra esboçar alguma ameaça ao trono canarinho. É uma glória que ainda teremos o luxo de ostentar por muitos anos.

A poeira nos troféus vai se acumulando por falta de limpeza ao mesmo tempo que a sujeira de nossos dirigentes vai se acumulando em nosso futebol por falta de honestidade. Vassorada neles!!!

sábado, outubro 08, 2005

Eu Voto "NÃO"

Esse referendo é tão necessário quanto o último que teve aqui no Brasil sobre o sistema de governo. É uma discusão que vai do nada para lugar nenhum. Parece bem óbvia que essa falsa esperança de que a democracia (como disse uma amiga minha) ainda vive no Brasil. "Não! O povo brasileiro também discute suas leis abertamente". É claro que desarmar o cidadão não é a solução. No país das medidas "provisórias" (que depois viram permanentes) seria tudo uma questão de vontade política, não há necessidade de referendo.

E tem outra! Essa pergunta é extremamente capiciosa e mau formulada apesar de parecer simples. Imagina só um analfabeto tentando responder essa pergunta:

"Você é contra a proibição do comércio de armas e munição no Brasil?".
"Você é contra a proibição da construção de mais açudes em latifúndios de deputados nordestinos?".
"Você é contra a transposição do Rio São Francisco?"
"Você é contra a descriminalização do uso da maconha?"
"Você é contra a Lei de Murph?"
"Você é contra a Lei da gravidade?"

Muita gente vai votar no "sim" achando que é "não" e vice-versa. Não tem jeito. O povo vai entrar pelo cano mais uma vez.

Por essas e outras, eu voto "NÃO". Um "Não" a esse referendo idiota.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Eu contra eu. Vencedor: eu!

Uma vez um professor de literatura que eu tinha disse que o Fernando Pessoa (se não me engano) escrevia cartas pra ele mesmo e as enviava. As tais cartas eram lidas com uma empolgação inexplicável. Depois de um tempo enviando e recebendo cartas para si mesmo o Fernando Pessoa deve ter enchido o saco que parou de escrevê-las. Até que o inacreditável aconteceu: ele ficou deprimido porque não recebia mais cartas de si mesmo e voltou a escrevê-las. Dá pra acreditar?

Tentei fazer isso, mas foi de um jeito um pouco diferente. Mandei um cartão com data marcada pra receber somente no ano seguinte. Foi algo simples, porém, a sensação de entrar em contato consigo mesmo é muito bacana. Acho que essas devia ser a motivação do Fernando Pessoa em escrever tantas cartas para si mesmo. É como se o "eu do passado" falasse com o "eu de agora".

"Oi 'eu de agora'! Aqui é o seu 'eu do passado'. Como você anda? Ainda tá naquele emprego que você odeia ou já encontrou outra coisa melhor? Eu cá estou naquele emprego que odeio, mas tô querendo arrumar alguma coisa melhor pra fazer. Espero que você aí esteja melhor do que eu aqui. Boa Sorte! Afinal de contas, o que é bom pra você é bom pra mim também."

O engraçado é que, quando recebi o cartão, já não estava no tal emprego que odiava e estava trabalhando em um lugar bem melhor e mais tranqüilo. O meu "eu de agora" estava bem melhor do que o meu "eu do passado". Pelo menos estava em um emprego melhor - o que já é um bom começo.

Há uns anos atrás um grupo de pessoas fez a mesma coisa. Foi até matéria do Fantástico (É FANTÁSTICO! TCHÃ!!!) Eles foram acampar e fizeram um pacto: escrever uma carta para si mesmo e voltar àquele mesmo lugar dez anos depois pra ler o que tinham escrito. Alguns já nem lembravam do pacto, mas acabaram voltando ao lugar que haviam acampado dez anos antes. O Fantástico acompanhou o grupo no regresso ao passado. Muita gente, ao ler a própria carta, não agüentou a emoção e chorou.

Enviando uma carta para si mesmo no futuro você acaba por imaginar como vai ser e como vai estar daqui há cinco ou dez anos. O reencontro com o passado através de um mecanismo aparentemente tão simples mostra como vamos mudando no decorrer dos anos: as vitórias, as derrotas, os pais e os filhos, os amigos que vão e vêm, amores, incertezas, convicções... Coisas que vão ficando pra trás sem a gente perceber. Coisas da vida.

Tente fazer isso também. Garanto que o encontro vai ser supreendente.

segunda-feira, outubro 03, 2005

De olho nas Celebridades

Às vezes fico imaginando o que deve passar pela cabeça de certas pessoas.

Por exemplo: como um "atriz de sucesso" como a Débora Secco deve acordar de manhã? Certamente ela deve pensar: "Nossa! Como eu sou foda! Eu tenho grana, sou protagonista da novela das 8, já posei pra playboy, posso ter o que quiser e durmo com o Falcão. Pra que outra vida?". Imagino que ela deve gostar muito da vida que leva. Talvez seja este o principal motivo que a leva a fazer tantos papéis de pessoas espiritualmente paupérrimas. Pessoas que não medem esforços pra se dar bem na vida da forma mais rápida e possível. Normalmente tentativas mau sucesidas que vêm seguidas daquela cara de cachorro que caiu da mudança quando seus personagens se deparam com seus augozes. Ela deve acordar e, além de achar que é foda, deve pensar como é bom que (nesse caso) a vida não imita a arte. Já imaginou? Seria hilário uma situação insólita como esta:

-- Oi! Eu sou a Débora Secco.
-- Débora o quê!?
-- Secco.
-- Não obrigado, não estou interssado em secadora de roupas. A lavanderia é ali na outra esquina. Talvez num outro dia.
-- Mas eu só queria...
-- Já felei que não estou interessado! Passar bem.

Talvez um outro "ator de sucesso" pense da mesma maneira: Dado Dolabella. É exatamente a mesma situação ao acordar de manhã - ou, para um bon vivant que se preze, à tarde - e pensar: "Eu sou muuito foda mesmo! Já comi a Débora Secco, a Daniele Winitz, a Galisteu (aliás, 'quem não comeu Eliane Galileu'), como de vez em quando a Vanessa Camargo e o pai dela me odeia profundamente por isso. Sem contar que a minha carreira como cantor tá indo muito bem. Enfim, eu nasci de bunda pra lua mesmo". Dado pra você. Talvez esta seja a pergunta mais apropriada para uma das "comidas" em uma entrada de festa badalada:

-- Você tem dado para o Dado?
-- Hahaha!!! Muito engraçadinho você, hein, seu casseta.
-- Então quer dizer que você tem Dado em casa?
-- Então... (pseudo-celebridades sempre iniciam qualquer resposta como um "então" que, diga-se de passagem, tem o mesmo peso gramático de estar falando no gerúndio)
-- ... nós não temos nada. Somos apenas bons amigos.

Dado Rolabela e Débora Secca: o casal reflexo do que podemos chamar de celebridade cuja forma não representa conteúdo. O pior de tudo é que eles ganham dinheiro pra ser assim.


Que patético!